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J.Nunes

Voz é presença.

Textos

POEMA CANTO DOS OPRIMIDOS

(4O anos da morte de Luther King)

 

Não existe preconceito,

o problema é que o negro

quer deixar à senzala,

quer vir sentar na sala,

quer ter direito a fala.

 

Não existe preconceito,

o problema é que o negro,

quer deixar à favela,

não quer viver de esmola,

não quer deixar à escola.

 

Não existe preconceito,

o problema é que o negro

não quer descer ladeira,

não quer resto de feira,

não quer comer poeira.

 

Não existe preconceito,

o problema é que o negro

não se dobra com chicote,

não se cala com açoite,

não é servil à elite.

 

Não existe preconceito,

o problema é que essa negra

não sacode essa cadeira,

não desce à ladeira,

não satisfaz vontade passageira.

 

Não existe preconceito,

o problema é que essa negra

frequenta o baile de gala,

sabe muito bem o que fala,

não perde seu tempo com novela.

 

Não existe preconceito

o problema é que esse negro,

deixou seu lugar comum,

não é mais qualquer um,

não se dobra a senhor algum.

 

Não existe preconceito,

o problema é que esse negro

atravessou à margem,

mas não esqueceu sua origem

e recusou à maquilagem.

 

Não existe preconceito

o problema é que esse negro,

não se engana com mentira,

que marginaliza sua cultura,

e a verdade transfigura.

 

Não existe preconceito,

o problema é que esse negro

resgatou sua história,

tem uma África na memória,

e um canto de vitória.

 

Não existe preconceito

o problema é que o negro,

não sangra mais no tronco,

não se engana nem um pouco,

não se vende nem quer troco.

 

Não existe preconceito,

o problema é que o negro

reclama, pede por mudança,

não quer mais saber dessa injustiça

e não dá mais para olhá-lo com indiferença.

 

Não existe preconceito,

o problema é que o negro

quer sua liberdade,

sua luta, sua oportunidade,

seu direito à felicidade,

como prevê a constituição,

porque ele é um cidadão

 

Se o negro aceitasse sua condição,

se ficasse onde estão.

se o negro aceita à favela,

que é uma extensão da senzala,

e se vivesse com que lhe dão de esmola,

 

Se não reclama seu direito,

não existiria preconceito,

porque aceita o que lhe é dado, que é o resto...

e não o que lhe é de direito.

 

Meus versos não têm pele, não tem cor,

meus versos têm humanidade e amor,

meus versos é o canto do oprimidos,

meus versos é o grito dos injustiçados,

meu versos é um pedido de dignidade

e integridade para um homem sofrido.

 

4 de abril 2008 J.Nunes

 

MOVIMENTO LITERÁRIO IMPARCIALISMO

 

JOSE NUNES PEREIRA
Enviado por JOSE NUNES PEREIRA em 29/06/2025
Alterado em 29/06/2025


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