![]() A miragem de sermos nós.A miragem de sermos nós.
Acordo e lembro que as coisas estão onde eu as deixei, ou estão lá porque devem ficar onde estão. Se eu esquecesse dessa rotina e dessas pessoas que estão comigo ao longo do dia, eu teria uma outra vida. Mesmo que todos tentassem me fazer lembrar quem eu sou, da perspectiva deles, e se eu tentasse viver essa vida sem memórias, ainda assim, seria uma vida nova e estranha.
O que chamamos de vida são lembranças na linha inexistente do tempo. Eu posso esquecer, intencionalmente, quem eu sou feito de memórias, que não fará nem uma diferença quando eu retornar para a minha vida rotineira de obrigações, de pessoas e de lembranças.
Sou apenas memórias, afirmo ser o que eu me lembro, mas isso pode ser apagado por alguns momentos. Não tem nada ali na mente que possa dizer quem sou eu de fato; tudo que há são lembranças de obrigações, reverberações e compromissos; a isso dou o nome de mim mesmo.
No momento em que vivemos o instante presente, sem qualquer pensamento, percebemos que não somos nada disso de rotina, pessoas, reverberações e compromissos.
Estamos em um vazio profundo, em um espaço sem fim que se expande na medida ficamos mais e mais tempo sem existir nessa forma de lembranças.
Estamos tão longe que quanto mais nos aproximamos mais longe ficamos de nós mesmos. É sempre uma miragem de sermos nós.
J.Nunes
JOSE NUNES PEREIRA
Enviado por JOSE NUNES PEREIRA em 21/08/2025
Alterado em 21/08/2025 Comentários
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